A viagem a cidade mineira de São Tomé das letras foi para mim uma grande aventura, pois só havia ouvido falar deste lugar mas jamais imaginado a distância! Parti de Utinga no abc paulista, as 10 horas da noite em direção a cidade de Três Corações num confortável ônibus acompanhado da minha antiga amante, sem a menor ideia do que nos aguardava, este percurso durou bem mais de oito horas embrenhado naquilo que eu chamei mais tarde de : “Sertão ermo e sem fim”!A noite inteira viajando atravessando a escuridão e eu completamente acordado observava o mistério que aquela paisagem em volta do negrume poderia oferecer, eram florestas e recantos isolados mergulhados na penumbra, hora ou outra surgia uma pequena cidadezinha que revelava os lampejos de uma escassa iluminação em pontos isolados.
A fatalidade atingiu em cheio uma coruja que foi vitima de um violento choque com o nosso ônibus devido ao farol alto em alta velocidade no meio da estrada!A seis horas da manha chegamos em plena alvorada de pascoa na cidade de Três corações o dia clareou e logo outro ônibus fez o percurso até São Tomé das Letras.
Chegamos sobre neblina intensa e o mormaço do clima ameaçava a chuva e imediatamente fomos procurar pousada para poder descansar, o que nos surpreendeu de cara foi o aspecto misterioso da cidade, tudo ali era feito de pedra, as ruas, as calçadas, as casas, os pontos turísticos, as lojas, os bares, a igreja central e até o cemitério tudo era de pedra! Ao entrar na igreja central não encontrei a riqueza imponente das igrejas de Ouro Preto, esta se apresentou bastante mesquinha em sua arquitetura mas mesmo assim encontrei beleza suficiente para contemplar-la.
Avistamos do alto de uma colina uma enorme piramide de pedra, onde os turistas visitam e de la de cima se avista uma outra pedra enorme do outro lado do penhasco denominada pedra da bruxa, abaixo num abismo bastante ameaçador se estendia o ermo do vale que se perde de vista como um vasto mar de vegetação sem fim... Sim! Um mar de vegetação ainda conservada, e por todos os lados em nossa volta absolutamente nada a não ser a selvageria da natureza virgem!
Choveu bastante mas a chuva não tirou nossos ânimos e o nosso entusiasmo não foi abalado, após a chuva passamos a explorar a pé cada reduto edificado em pedra dentro da cidade.Visitamos uma gruta famosa e nossa alimentação ficou por conta dos restaurantes exóticos e cheio de requintes que a bela cidadezinha possuía onde um ótimo cardápio de comida mineira é uma tentação a gola desenfreada!
A comida típica do fogão de lenha é outro detalhe, as casas de artesanato e as peças de artes destinadas a levar os nossos trocados dos bolsos sem piedade, tudo em São Tomé das Letras lembra a bruxaria e é de um aspecto tão misterioso que nos leva ao arrebatamento.
No último dia do ano subimos em uma montanha junto a uma multidão de turistas para ver os fogos do reveion com uma garrafa de vinho, foi magnifico aquela experiência!Foram três dias bem vividos e a nossa volta foi bem rápida, São Tomé das letras foi uma grande aventura marcada pela minha ousadia em empreender viagens que possam me salvar do detestável spleem que sempre ronda minha alma, quando ela anceia por lugares bonitos e se encontra presa no grotesco de um lugar sem um só traço de civilização e beleza.
