(Trecho da carta de um pesquisador publicada no Estado de São Paulo em 27 02 de 1927)
Ao observar a natureza exuberante do pequeno vilarejo de Paranapiacaba o espectador mais atento e refinado pode deparar- se com a riqueza da flora que constituem parte entregante da serra do mar, o verde de floresta predomina de forma absoluta com todas as nuanças que um pintor poderia conceder em uma tela impressionista e assim extasiar o espectador com a mais completa imagem de uma paisagem natural.A vegetação estende-se de forma compacta, com diversidades de plantas das mais significantes especies destacando-se em grande número em grandes brotos de samambaia que ramificam-se sobre outras folhagens também bastante variadas umas das outras.
Uma sensação muito agradável toma conta de nós ao respiramos os ares perfumados pelos aromas da flores de lírio que também são grandiosa quantidade e por onde quer que andamos, como se não bastasse a beleza da mata atlântica por si somente a natureza encarregou-se também de perfumar cada metro quadrado, impregnando nossa sensibilidade com novas emoções a cada passo dado no meio da floresta ou vila.
Flores das mais variadas cores parecem completar o cenário idílico de rara beleza natural onde brilha o contraste de diversas especies distintas umas das outras com tonalidades alternadas.
O aspecto geográfico em perfeita comunhão com a natureza tão rica dão a vila de Paranapiacaba da qual somente ela é privilegiada com sua localização bem no alto da serra, em volta por intensa vegetação de ambos os lados que estendesse pelos trechos onde as montanhas e abismos alternam-se com intensiva resistência, formando uma gigantesca muralha natural para impor-se majestosa ao mar bravio que também pode ser avistado de uns dos principais mirantes da região de um cenário deslumbrante.Como não se sentir um privilegiado em poder percorrer terras tão exuberantes de belezas naturais? De fato temos um precioso tesouro tão próximo de nos e que poucos nós damos conta disso.
Pelas ruas e trilhas estreitas caminhamos e nossos olhos ficam impregnados de uma nostalgia única típica desta região em volta de majestosa imponentes montanhas em contraste com o céu azulado devido ao´nível baixo de poluição o nevoeiro e a garoa fazem parte deste belo cenário envolvendo repentinamente toda a paisagem.A neblina possui um cheiro caraterístico e exótico, típico da região, ela encobre como um manto branco todo o vilarejo condensando-o tudo num novo cenário, tudo muda, revelando seu ao expectador e surpreendendo com uma nova e misteriosa atmosfera.
Fito os olhos no acinzentado nevoeiro e cismo profundamente na imensidão que ele condensa como se fosse ali o fim de uma paisagem para transportar nossa alma a outras paragens do infinito que faz o caminho do mar em forma de sonho, imagino pairando sobre estes abismos que estão escondidos pela intensa neblina e arrebatado fico em profundo silêncio, respirando o ar úmido e gelado do nevoeiro como alguém que necessita por força entrar em sintonia com um cenário tão exótico!A vila de Paranapiacaba possui uma arquitetura traçada em duas formas de origem europeia destacando-se na parte alta indo em direção a igreja a arquitetura com influência de Portugal, ruas estreitas dividem o pequeno conjunto de casas que erguem-se em forma de sobrado com suas varandas.
A igreja possui traços arquitetônicos que datam de 1889, ergue-se majestosa em um dos mais destacados pontos e ainda hoje podemos encontrar nas paredes externas da capela, especies raras de mariposas que parecem enfeitar toda a torre principal onde se guarda um signo de bronze.Pude constatar seu lado interior não possui decoração de grande mérito mas pelo lado de fora impressiona pois ao fundo do conjunto as paredes arredondadas dão uma forma exótica.
Do lado direito encontra-se o cemitério onde túmulos e sepulturas de antigos moradores parecem completar o cenário onde perfeitamente poderiam se enquadrar em uma obra de Alvares de Azevedo, " Conde Lopo" por onde sua personagem perambula impregnado de um sentimento arrebatador de profundo romantismo gótico.
Do outro lado da vila a parte baixa, bem maior em proporções urbanas destacam-se principalmente pela arquitetura do estilo inglês, o conjunto das casas, sendo a maioria de madeira harmoniza-se no lugar.
Destaco porem no alto de uma colina um enorme casarão denominado "castelinho", realmente uma habitação requentada construída em um ponto estratégico para poder dar ao espectador uma visão ampla das principais partes da vila.A imponência desta construção parece resistir a ação do tempo e contornando em sua volta varias vezes pude constatar que se pode realmente avistar a vila de vários ângulos tendo como panorama principal a estação de trem.
A maneira ideal de se explorar as principias ruas de Paranapiacaba é a pé, desta maneira o visitante pode desfrutar de tudo e de perto poder tocar as maravilhas lá existentes.
As casas da parte baixada vila foram construídas com matérias importados da Europa, as madeiras vieram da Irlanda do norte e as telhas são francesas.Estendem-se pelos trilhos uma quantidade significativa de antigos vagões de trens
a maioria abandonados e já coberto de ferrugem como se fosse uma especie de museu ferroviário ao ar livre.
Segundo algumas pessoas com quem conversei sobre o passado da vila a tempos atrás era um local muito animado e frequentado por muita gente mais a medida que o tempo passou a vila ficou as margens do abandono e os estragos desse escasso são bem visíveis.
Paranapiacaba pertence em especial aos visionários indivíduos raros que buscam fortes emoções diretamente ligados a própria imaginação criadora e esta por si mesma é projetada dentro
de um cenário onde tudo que é fantasioso pode tornar-se real, este refugio no alto da serra quase sempre envolto por nevoeira desperta em nós sensações diversas que parecem estar adormecidas em nossa alma, quantos tesouros de beleza, minucias de encanto e os aromas perfumosas de lírio impregnam nosso ser inspirando-nos a compor um belo poema.A poesia deste lugar depende somente da sensibilidade do espectador que sem muitos esforços mergulham numa atmosfera exótica e pictoresco a percorrer nos caminhos idílicos de Paranapiacaba!
Oh, muralha verde de onde se avista o mar não se magoe por sofrer a indiferença e a agressão de pessoas que nunca poderão compreender o sentido mais profundo do belo em seu estado natural de ser, pois eu vivo a contemplante dia e noite enquanto tu resistires a todos estes que somente especulam teu patrimônio sagrado sem nada a oferecer de verdadeiro, enquanto tu existir e exalar o oxigênio que alimenta meu corpo e espirito eu cantarei em minha lira a tuas belezas para o resto do mundo.
